Estudantes organizados em coletivos se uniram para tentar emplacar eleição por chapas na UNILA. Perderam para os que defendem candidaturas individuais, e perderam feio. Os Individualistas Liberais estavam irados e muito valentes.
Em reunião tensa, os estudantes travaram verdadeira guerra para definir o modelo de escolha de representantes para o Conselho Universitário.
A proposta dos Coletivistas Totalitários previa eleições por chapas, como nas velhas organizações sindicais e no movimento estudantil do século passado. Os coletivistas acreditam que a eleição por chapa é um resgate da luta do povo soviético pelo socialismo. Além disso, afirmam que o modelo permite a participação de militantes de partidos políticos no movimento estudantil. A proposta foi considerada totalitária pelos Individualistas Liberais.
A proposta dos individualistas consiste no modelo de candidaturas individuais, algo novo e sem precedentes na América Latina - Somos a chapa do "Eu Sozinho" - bradou um ativista do individualismo. Os individualistas consideram os partidos políticos uma ameaça à democracia e ressaltam que no Brasil, uma ditadura de mais de trinta partidos assola o país, atualmente. Segundo eles, um Brasil com menos partidos é mais democrático, como nos anos setenta.
Para provar que o modelo individualista é realmente novo e eficaz, um estudante individualista lançou uma proposta individual. Defendeu-a por cerca de três horas. Na hora da votação, o autor individualista se absteve de votar na própria proposta, para o delírio da maioria individualista. "É totalitário eu ter que votar na minha própria proposta, apenas porque a defendi até cinco minutos atrás", gritava um individualista liberal, sambando na cara dos coletivistas totalitários.
Em atitude inédita na nova política da América Latina, os ativistas provaram que o futuro da democracia na América Latina será individualmente construído. "Qualquer forma de equiparar os direitos coletivos com os individuais é totalitarismo", declarou outro individualista, que não escondia a felicidade de conservar o método de eleição por candidaturas individuais.
Este método foi aplicado na última eleição para representes discentes da UNILA, e o resultado é que a categoria dos estudantes neste Conselho exerce influência comparável com a influência do PIB do município de São Miguel do Iguaçu sobre a economia do continente.
Após o triunfo do individualismo, os Individualistas Liberais consolaram generosamente os Coletivistas Totalitários, que ficaram arrasados. Um porta-voz do individualismo disse que, apesar de nocivos, é preciso tolerar os partidos políticos e sugeriu a criação de um novo partido para integrar o movimento estudantil na UNILA, o PCP - Partido da Causa Própria.